Um estudo da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer (Iarc) alerta que, se não houver avanços significativos na prevenção e no tratamento, o mundo enfrentará 3,2 milhões de novos casos anuais de câncer de mama até 2050, com 1,1 milhão de mortes.
A pesquisa, publicada na revista *Nature Medicine*, analisou dados de cerca de 50 países e revelou que uma em cada 20 mulheres será diagnosticada com a doença até meados do século. A maior parte dos impactos será sentida em países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde a mortalidade é consideravelmente maior devido à falta de acesso a diagnósticos e tratamentos adequados.
Desigualdade global e impacto regional
O levantamento do Observatório Global de Câncer, ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que as taxas de incidência variam entre as regiões. Austrália e Nova Zelândia lideram com 100 casos para cada 100 mil mulheres, seguidas pela América do Norte e o norte da Europa. Já a mortalidade é mais alta na Melanésia, onde atinge 27 óbitos por 100 mil mulheres, seguida pela Polinésia e partes da África e América Central.
Em países com altos índices de desenvolvimento, para cada 100 mulheres diagnosticadas, 17 morrem da doença. Em países mais pobres, esse número chega a 56.
Prevenção e tratamento podem salvar milhões de vidas
A cientista Joanne Kim, da Iarc, destacou que a cada minuto quatro mulheres recebem um diagnóstico de câncer de mama, e uma morre em decorrência da doença. No entanto, políticas de prevenção primária baseadas nas recomendações da OMS e investimentos em detecção precoce podem reverter essa tendência e salvar milhões de vidas nas próximas décadas.
A meta global da OMS é reduzir a taxa de mortalidade para 2,5% ao ano. Entre os países que já alcançaram esse objetivo estão Bélgica e Dinamarca. No entanto, a maioria das nações de baixo e médio desenvolvimento ainda enfrenta desafios na coleta de dados e na implementação de políticas eficazes de combate à doença.
A vice-diretora da Seção de Vigilância do Câncer na Iarc, Isabelle Soerjomataram, reforçou a necessidade urgente de ampliar o acesso a informações de qualidade sobre a doença para reduzir as disparidades globais e minimizar o sofrimento causado pelo câncer de mama.